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terça-feira, 26 de maio de 2009

Como se tornar um jornalista feliz

Entre na faculdade certo de que será visto por amigos e parentes como um intelectual. Provavelmente ainda não é, mas vai acabar se tornando por obrigação.

Já no primeiro semestre, tenha absoluta certeza que irá mudar o mundo. Com o tempo vai aprender que é melhor sair de casa, pois nem o seu avô turrão, de 80 anos, conseguirá mudar.

Filie-se ao PT, PCdoB, PSTU, ou qualquer outro partido. Hoje em dia não faz diferença alguma e, cedo ou tarde, vai se decepcionar mesmo.

Faça todos os estágios que lhe oferecerem. Não vão lhe pagar nada e ninguém levará isso em consideração quando for de verdade. Mas é sempre divertido e te deixará bem com os colegas.

Vá a todas as festas que a faculdade fizer. Principalmente as de outros cursos. Destaque para as festas chatas dos futuros administradores. É bem provável que um deles irá mandar em você um dia.

Durante todo o curso, ignore a possibilidade de trabalhar, depois de formado, em qualquer lugar que não seja um jornal diário, televisão ou rádio. Porém, só por precaução, monte um belo mailling com as ricas e respeitadas assessorias de imprensa e as milionárias e adoradas agências de publicidade.

Inscreva trabalhos em todos os concursos para estudantes. Se ganhar, e for homem, irá namorar muitas mulheres. Se for mulher, não se iluda, isso não te levará a nada.

Escolha um tema que acredite muito para sua monografia ou TCC. Além de você, somente seus pais irão acreditar. Não, nem seu orientador irá acreditar por muito tempo. Lembre-se! Ele faz isso todos os anos.

Aproveite muito na sua formatura.

Acorde no dia seguinte ciente de que deu um passo importante. Já não é mais o futuro do Brasil. Agora é um problema social.

Na faculdade voltamos ao jardim de infância. Nos ensinam a sonhar acordados.
Aqui fora, ainda acordados – isso, inclusive, será uma prática comum, principalmente a noite – descobrimos que a realidade é torpe na mais pura essência da palavra.
Ainda assim, nem pense em desistir. Será inútil tentar.

Continuamos sonhando acordados e, por fim, quase sempre, nos tornamos profissionais pobres, porém, felizes e com muito orgulho de poder contar a história da vida real.

Por favor! Não me acordem.

Reproduzido e ediadto do Blog Pequena Casa de Palavras, de Robson Slva, jornalista de Curitiba - PR

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