Somos uma geração marcada pela modernidade,nossos filhos e irmãos já nascem praticamente teclando "Gugu Dadá" no msn com o coleguinha de berço na maternidade....
É até de se orgulhar em fazer parte desse tempo, porém também há motivos para nos envergonharmos.
A fome de pão e amor nos coloca com a cara no chão diante de nós mesmos....
Quando vejo minha foto no orkut e lembro que alguns não tem o que comer enquanto eu teclo ao mesmo tempo que como um sanduiche para relaxar...Sinto meu rosto fumegar.
Nesse tempos de vitórias pela chegada de ônibus espaciais me parece que a humanidade se esquece de comemorar a libertação de reféns da FARC ou a chegada de um caminhão de donativos aos desabrigados do Nordeste, pelo contrário, essa tal modernidade testa mísseis nucleares com a desculpa(esfarrada)de preocupação com a seguraça nacional.
Talvês o velho do rastelo de Saramago tenha a resposta para as questões da modernidade. Ou não....
Fala do velho do restelo ao astronauta
(José Saramago)
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição) rascunho
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