As ovelinhas
(Sérgio Capparelli)
Nasce o sol na neblina
e mamãe está lá fora ainda.
A trilha entre os barracos
dá barulhos de tiros.
Os edifícios lá longe
são varejeiras de vidro.
E as ovelhinhas do medo
estão sozinhas balindo.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Traças de regime
(Sérgio Capparalli)
As traças gostam de suspense:
lêem com cuidado
e de olhos fechados.
Se estão com pressa,
come sanduiches de escritores importantes,
Cecília Meireles, Lígia Bojunga,
Hesíodo e os deuses gregos.
Elas dão conselhos
" As histórias lacrimejantes são melhores
porque facilitam a digestão",
E estamos conversados!
Traças iletradas são sem cerimônia:
comem heróis, heroínas, enredos,
e no fim devoram o autor.
Ah, as traças, como evitá-las?
Comem Mário Quintana, devoram os dois Veríssimos
(pai e filho)
e, de sobremesa, emcomendam escritores bem românticos.
Olha, lá vai uma arroatndo Lobato.
Cometário meu:
Colequei esse poema porque estou indignada com o caso dos livros jogados no lixo.
Vou fazer um prejto de lei que dará prisão perpétua para que estragar, sujar, queimar ou inutilizar livro.
Amanhã eu falo mais sobre isso.
As traças gostam de suspense:
lêem com cuidado
e de olhos fechados.
Se estão com pressa,
come sanduiches de escritores importantes,
Cecília Meireles, Lígia Bojunga,
Hesíodo e os deuses gregos.
Elas dão conselhos
" As histórias lacrimejantes são melhores
porque facilitam a digestão",
E estamos conversados!
Traças iletradas são sem cerimônia:
comem heróis, heroínas, enredos,
e no fim devoram o autor.
Ah, as traças, como evitá-las?
Comem Mário Quintana, devoram os dois Veríssimos
(pai e filho)
e, de sobremesa, emcomendam escritores bem românticos.
Olha, lá vai uma arroatndo Lobato.
Cometário meu:
Colequei esse poema porque estou indignada com o caso dos livros jogados no lixo.
Vou fazer um prejto de lei que dará prisão perpétua para que estragar, sujar, queimar ou inutilizar livro.
Amanhã eu falo mais sobre isso.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Crônica de um ônibus lotado
Cinco horas da manhã.
Ainda é noite e eles vão chegando de vagar.
Chega uma menininha loira, mirrada, MP3 no ouvido, cara de sono, livros nas mãos.
Depois chega um senhor engravatado e com uma pasta preta. Cara de executivo. Ele não deveria está ali.Ou deveria?
Uma senhora com coque no cabelo chega com sacolas plásticas nas mãos. As rugas dizem que está entre os 45 ou 50. Os olhos dizem que está na casa dos trinta.
Muitos outros vão chegando, mãos nos bolsos, cabeças nos travesseiros.
Todos vão entrando, procuram o melhor lugar para ver o espetáculo.
Então o show começa no horizonte seco do cerrado.
Alguns espíritos cansados não ligam mais, porém para os jovens (de espírito e não de idade) ele é a confirmação da esperança anciã.
Quem foi mesmo que disse que assistir o nascer do sol é programa de gente rica?
Ainda é noite e eles vão chegando de vagar.
Chega uma menininha loira, mirrada, MP3 no ouvido, cara de sono, livros nas mãos.
Depois chega um senhor engravatado e com uma pasta preta. Cara de executivo. Ele não deveria está ali.Ou deveria?
Uma senhora com coque no cabelo chega com sacolas plásticas nas mãos. As rugas dizem que está entre os 45 ou 50. Os olhos dizem que está na casa dos trinta.
Muitos outros vão chegando, mãos nos bolsos, cabeças nos travesseiros.
Todos vão entrando, procuram o melhor lugar para ver o espetáculo.
Então o show começa no horizonte seco do cerrado.
Alguns espíritos cansados não ligam mais, porém para os jovens (de espírito e não de idade) ele é a confirmação da esperança anciã.
Quem foi mesmo que disse que assistir o nascer do sol é programa de gente rica?
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Crônicas do Pronto Socorro
Em tempos de pandemia de gripe não é recomendável nem passar na porta de um pronto socorro público, porém pessoas queridas ficam doentes e é impossível não se importar.
Dessa vez foi uma tia muito amada que insistiu em passar a tarde de baixo de chuva. Resultado uma tia com bronquite e uma sobrinha de acompanhante no PS do hospital público de Brazlândia.
Foi na semana passada e para minha surpresa o hospital não é tão tistre assim.É só saber observar, além dos gemidos e lamentos, deu para tirar histórias verídicas, histórias de amor, de reencontros, histórias de amizade, das dificuldades da vida real e até umas bem cômicas. Adaptei algumas....
Cenas verídicas da enfermaria um Pronto Socorro público.
Tia Zê dá entrada com uma forte gripe, os primos todos preocupados:
- O que a senhora tá sentido?
- Tá com febre? A febre tá alta.
- A senhora tá com dor no corpo?
- É melhor eu responder isso ao médico, vocês não acham?

Caso de amor na enfermaria lotada
Dona Rosa e Seu Ernesto
Dona Rosa da entrada com pressão alta. Seu Ernesto acompanha um amigo sorumbático.
Seu Ernesto vê Dona Flôr , seus olhos brilham, 16 anos procurando seu amor.
Seis horas depois os dois saem juntos e felizes.
O amigo?... Continua no soro.
Reencontros no PS
Tia Zê e Dona Márcia
- Oi Márcia tudo bem?
- Acho que não já que eu to aqui né.
- É.
- O que foi?
- Gripe e bronquite.
- Há! E você?
- Palpitações.
- Há!
Virose de cachaça
- Alô, Amiga? Tô aqui no hospital.
- Passou mal? O que o médico disse que era?
- Virose.
- Eles sempre falam isso quando não sabem o que é?
- Quem me levou para casa ontem?
- Eu, amiga, vc não lembra?
- Lembro não, tava muito chapada.
- Você tem que para com isso, se não essa virose não passa...
- Tá pode deixar a partir de hoje: Lei Seca.
- Vai no forró da Jaki hoje?
- Acho que não. Minha filha não vai deixar. Ela me deu a maior bronca hoje.
Caso de amor na enfermaria lotada II
Casal de velhinhos
Ela talvez um 62 anos, deitada segura a mão dele. Ele acompanhante 65 ou mais, aperta a mãozinha dela.
Ela o olha nos olhos. Ele acaricia seus cabelos. Ela pisca, continua a olhá-lo e dá um sorriso fraco.
Tia Zê e prima Naná
Paciente e acompanhante, acompanhante e paciente
Tia Zê internada a 76 horas. Sem forças. Naná a ajuda andar.
Naná de acompanhante a 28 horas. Sentada na cadeira. Pés inchando. Joelho inchando.
Tia Zê recebe alta. Naná aproveita o ortopedista.
Tia Zê ajuda Naná andar.
Naná de joelho enfaixado
Dessa vez foi uma tia muito amada que insistiu em passar a tarde de baixo de chuva. Resultado uma tia com bronquite e uma sobrinha de acompanhante no PS do hospital público de Brazlândia.
Foi na semana passada e para minha surpresa o hospital não é tão tistre assim.É só saber observar, além dos gemidos e lamentos, deu para tirar histórias verídicas, histórias de amor, de reencontros, histórias de amizade, das dificuldades da vida real e até umas bem cômicas. Adaptei algumas....
Cenas verídicas da enfermaria um Pronto Socorro público.
Tia Zê dá entrada com uma forte gripe, os primos todos preocupados:
- O que a senhora tá sentido?
- Tá com febre? A febre tá alta.
- A senhora tá com dor no corpo?
- É melhor eu responder isso ao médico, vocês não acham?

Caso de amor na enfermaria lotada
Dona Rosa e Seu Ernesto
Dona Rosa da entrada com pressão alta. Seu Ernesto acompanha um amigo sorumbático.
Seu Ernesto vê Dona Flôr , seus olhos brilham, 16 anos procurando seu amor.
Seis horas depois os dois saem juntos e felizes.
O amigo?... Continua no soro.
Reencontros no PS
Tia Zê e Dona Márcia
- Oi Márcia tudo bem?
- Acho que não já que eu to aqui né.
- É.
- O que foi?
- Gripe e bronquite.
- Há! E você?
- Palpitações.
- Há!
Virose de cachaça
- Alô, Amiga? Tô aqui no hospital.
- Passou mal? O que o médico disse que era?
- Virose.
- Eles sempre falam isso quando não sabem o que é?
- Quem me levou para casa ontem?
- Eu, amiga, vc não lembra?
- Lembro não, tava muito chapada.
- Você tem que para com isso, se não essa virose não passa...
- Tá pode deixar a partir de hoje: Lei Seca.
- Vai no forró da Jaki hoje?
- Acho que não. Minha filha não vai deixar. Ela me deu a maior bronca hoje.
Caso de amor na enfermaria lotada II
Casal de velhinhos
Ela talvez um 62 anos, deitada segura a mão dele. Ele acompanhante 65 ou mais, aperta a mãozinha dela.
Ela o olha nos olhos. Ele acaricia seus cabelos. Ela pisca, continua a olhá-lo e dá um sorriso fraco.
Tia Zê e prima Naná
Paciente e acompanhante, acompanhante e paciente
Tia Zê internada a 76 horas. Sem forças. Naná a ajuda andar.
Naná de acompanhante a 28 horas. Sentada na cadeira. Pés inchando. Joelho inchando.
Tia Zê recebe alta. Naná aproveita o ortopedista.
Tia Zê ajuda Naná andar.
Naná de joelho enfaixado
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Michael Jackson

Morre o mito
Recebi a notícia da morte de Michael Jackson na faculdade em meio a uma prova de horrível de Estética e cultura de massa (minto, a prova estava facílima) e foi curioso ouvir que um dos maiores produtos da indústria cultural faleceu enquanto tento defender as causas e efeitos dessa indústria.
Mas chega de falar das teorias da comunicação. Falemos da prática: O mito morreu!
Depois de praticamente se transformar em outro tipo de ser humano (acredito que a autópsia do corpo será feita na Área 51 e os médicos acharão algo como 2 corações e 3 pulmões), acumular uma fortuna incalculável, legiões de fãs e uma reputação de pai duvidosa. Ele se foi... aos fãs resta chorar.
Não me tomem por insensível. Todo mundo morre. Até o Jesus Cristo, o Imortal, morreu (tudo bem que hoje Ele vive, mas morreu).
Vejamos pelo lado bom. Todo artista fica mais famoso ainda depois de morto. A morte trás uma aura de dignidade para o mais sombrio (ou estranho) dos seres. O álbum "Thriller" é o mais vendido da história da música e hoje está em terceiro lugar de vendas pela Amazon.com.
Nos próximos meses, quem sabe semanas ou dias aparecerão dezenas de filmes de Hollywood, programas de TV,shows e todo o tipo de homenagems para o rei do pop.
Aguardem!
A mim basta estudar para a próxima prova (Legislação e ética na comunicação) e aguardar por um novo acontecimento no mundo pop.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Retrocesso
STF derruba exigência do diploma para o exercício do jornalismo
Em julgamento realizado nesta quarta-feira (17/06), o Supremo Tribunal Federal deu provimento ao Recurso Extraordinário RE 511961, interposto pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo. Neste julgamento histórico, o TST pôs fim a uma conquista de 40 anos dos jornalistas e da sociedade brasileira, tornando não obrigatória a exigência de diploma para exercício da profissão. A executiva da FENAJ se reúne nesta quinta-feira para avaliar o resultado do julgamento e traçar novas estratégias da luta pela qualificação do Jornalismo.
Fonte : FENAJ - BOLITIM EXTRA Número 27 - 17 de Junho de 2009
NOTA PESSOAL
Depois de certa dor cotovelo no ego, parei para pensar nessa questão crucial da minha formação. A exigência do diploma superior de jornalista é sim um diferencial na carreira do profissional de comunicação. É por meio da formação acadêmica que aprendemos questões técnicas e éticas inerentes à profissão que não são adquiridas somente com a prática. Porém, nas palavras de uma sábia professora é o mercado que seleciona. Agora mais do que nunca somente os bons profissionais vão se destacar, e eu estarei entre eles...
Em julgamento realizado nesta quarta-feira (17/06), o Supremo Tribunal Federal deu provimento ao Recurso Extraordinário RE 511961, interposto pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo. Neste julgamento histórico, o TST pôs fim a uma conquista de 40 anos dos jornalistas e da sociedade brasileira, tornando não obrigatória a exigência de diploma para exercício da profissão. A executiva da FENAJ se reúne nesta quinta-feira para avaliar o resultado do julgamento e traçar novas estratégias da luta pela qualificação do Jornalismo.
Fonte : FENAJ - BOLITIM EXTRA Número 27 - 17 de Junho de 2009
NOTA PESSOAL
Depois de certa dor cotovelo no ego, parei para pensar nessa questão crucial da minha formação. A exigência do diploma superior de jornalista é sim um diferencial na carreira do profissional de comunicação. É por meio da formação acadêmica que aprendemos questões técnicas e éticas inerentes à profissão que não são adquiridas somente com a prática. Porém, nas palavras de uma sábia professora é o mercado que seleciona. Agora mais do que nunca somente os bons profissionais vão se destacar, e eu estarei entre eles...
terça-feira, 26 de maio de 2009
Como se tornar um jornalista feliz
Entre na faculdade certo de que será visto por amigos e parentes como um intelectual. Provavelmente ainda não é, mas vai acabar se tornando por obrigação.
Já no primeiro semestre, tenha absoluta certeza que irá mudar o mundo. Com o tempo vai aprender que é melhor sair de casa, pois nem o seu avô turrão, de 80 anos, conseguirá mudar.
Filie-se ao PT, PCdoB, PSTU, ou qualquer outro partido. Hoje em dia não faz diferença alguma e, cedo ou tarde, vai se decepcionar mesmo.
Faça todos os estágios que lhe oferecerem. Não vão lhe pagar nada e ninguém levará isso em consideração quando for de verdade. Mas é sempre divertido e te deixará bem com os colegas.
Vá a todas as festas que a faculdade fizer. Principalmente as de outros cursos. Destaque para as festas chatas dos futuros administradores. É bem provável que um deles irá mandar em você um dia.
Durante todo o curso, ignore a possibilidade de trabalhar, depois de formado, em qualquer lugar que não seja um jornal diário, televisão ou rádio. Porém, só por precaução, monte um belo mailling com as ricas e respeitadas assessorias de imprensa e as milionárias e adoradas agências de publicidade.
Inscreva trabalhos em todos os concursos para estudantes. Se ganhar, e for homem, irá namorar muitas mulheres. Se for mulher, não se iluda, isso não te levará a nada.
Escolha um tema que acredite muito para sua monografia ou TCC. Além de você, somente seus pais irão acreditar. Não, nem seu orientador irá acreditar por muito tempo. Lembre-se! Ele faz isso todos os anos.
Aproveite muito na sua formatura.
Acorde no dia seguinte ciente de que deu um passo importante. Já não é mais o futuro do Brasil. Agora é um problema social.
Na faculdade voltamos ao jardim de infância. Nos ensinam a sonhar acordados.
Aqui fora, ainda acordados – isso, inclusive, será uma prática comum, principalmente a noite – descobrimos que a realidade é torpe na mais pura essência da palavra.
Ainda assim, nem pense em desistir. Será inútil tentar.
Continuamos sonhando acordados e, por fim, quase sempre, nos tornamos profissionais pobres, porém, felizes e com muito orgulho de poder contar a história da vida real.
Por favor! Não me acordem.
Reproduzido e ediadto do Blog Pequena Casa de Palavras, de Robson Slva, jornalista de Curitiba - PR
Já no primeiro semestre, tenha absoluta certeza que irá mudar o mundo. Com o tempo vai aprender que é melhor sair de casa, pois nem o seu avô turrão, de 80 anos, conseguirá mudar.
Filie-se ao PT, PCdoB, PSTU, ou qualquer outro partido. Hoje em dia não faz diferença alguma e, cedo ou tarde, vai se decepcionar mesmo.
Faça todos os estágios que lhe oferecerem. Não vão lhe pagar nada e ninguém levará isso em consideração quando for de verdade. Mas é sempre divertido e te deixará bem com os colegas.
Vá a todas as festas que a faculdade fizer. Principalmente as de outros cursos. Destaque para as festas chatas dos futuros administradores. É bem provável que um deles irá mandar em você um dia.
Durante todo o curso, ignore a possibilidade de trabalhar, depois de formado, em qualquer lugar que não seja um jornal diário, televisão ou rádio. Porém, só por precaução, monte um belo mailling com as ricas e respeitadas assessorias de imprensa e as milionárias e adoradas agências de publicidade.
Inscreva trabalhos em todos os concursos para estudantes. Se ganhar, e for homem, irá namorar muitas mulheres. Se for mulher, não se iluda, isso não te levará a nada.
Escolha um tema que acredite muito para sua monografia ou TCC. Além de você, somente seus pais irão acreditar. Não, nem seu orientador irá acreditar por muito tempo. Lembre-se! Ele faz isso todos os anos.
Aproveite muito na sua formatura.
Acorde no dia seguinte ciente de que deu um passo importante. Já não é mais o futuro do Brasil. Agora é um problema social.
Na faculdade voltamos ao jardim de infância. Nos ensinam a sonhar acordados.
Aqui fora, ainda acordados – isso, inclusive, será uma prática comum, principalmente a noite – descobrimos que a realidade é torpe na mais pura essência da palavra.
Ainda assim, nem pense em desistir. Será inútil tentar.
Continuamos sonhando acordados e, por fim, quase sempre, nos tornamos profissionais pobres, porém, felizes e com muito orgulho de poder contar a história da vida real.
Por favor! Não me acordem.
Reproduzido e ediadto do Blog Pequena Casa de Palavras, de Robson Slva, jornalista de Curitiba - PR
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Essa tal modernidade....
Somos uma geração marcada pela modernidade,nossos filhos e irmãos já nascem praticamente teclando "Gugu Dadá" no msn com o coleguinha de berço na maternidade....
É até de se orgulhar em fazer parte desse tempo, porém também há motivos para nos envergonharmos.
A fome de pão e amor nos coloca com a cara no chão diante de nós mesmos....
Quando vejo minha foto no orkut e lembro que alguns não tem o que comer enquanto eu teclo ao mesmo tempo que como um sanduiche para relaxar...Sinto meu rosto fumegar.
Nesse tempos de vitórias pela chegada de ônibus espaciais me parece que a humanidade se esquece de comemorar a libertação de reféns da FARC ou a chegada de um caminhão de donativos aos desabrigados do Nordeste, pelo contrário, essa tal modernidade testa mísseis nucleares com a desculpa(esfarrada)de preocupação com a seguraça nacional.
Talvês o velho do rastelo de Saramago tenha a resposta para as questões da modernidade. Ou não....
Fala do velho do restelo ao astronauta
(José Saramago)
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição) rascunho
É até de se orgulhar em fazer parte desse tempo, porém também há motivos para nos envergonharmos.
A fome de pão e amor nos coloca com a cara no chão diante de nós mesmos....
Quando vejo minha foto no orkut e lembro que alguns não tem o que comer enquanto eu teclo ao mesmo tempo que como um sanduiche para relaxar...Sinto meu rosto fumegar.
Nesse tempos de vitórias pela chegada de ônibus espaciais me parece que a humanidade se esquece de comemorar a libertação de reféns da FARC ou a chegada de um caminhão de donativos aos desabrigados do Nordeste, pelo contrário, essa tal modernidade testa mísseis nucleares com a desculpa(esfarrada)de preocupação com a seguraça nacional.
Talvês o velho do rastelo de Saramago tenha a resposta para as questões da modernidade. Ou não....
Fala do velho do restelo ao astronauta
(José Saramago)
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição) rascunho
sábado, 25 de abril de 2009
A útima crônica

A útima crônica
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês.
O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."
Fernando Sabino
(Gênio Brasileiro)
segunda-feira, 6 de abril de 2009
"Enganei o bobo, na casca do ovo... que caiu caiu no 1º de abril...
"Enganei o bobo,
na casca do ovo...
que caiu, caiu
no primeiro de abril..."
na casca do ovo...
que caiu, caiu
no primeiro de abril..."
É exatamente assim que a categoria de jornalistas do nosso país se sente. Como uma criança ingênua, enganada por aqueles que a deveriam apoiar.
O caso se deu com a recusa do Senhor Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, que pediu para que fosse retirado da pauta do dia 1 de abril, o julgamento da obrigatoriedade do diploma de jornalista.
No Brasil a imprensa é relativamente nova (200 anos), e sofreu muito com o golpe militar décadas atrás. Este foi responsável por retirar quase que completamente a liberdade que essa mesma imprensa conseguiu. Para alguns é de esperar atitudes como essas que banalizam a profissão do jornalista. Entretanto essa desculpa já é velha e não cabe mais. Mesmos com o passado manchado pela ditadura, o Brasil é um país em desenvolvimento econômico e tecnológico (e porque não dizer desenvolvimento democrático também).
Mas que democracia impede que o cidadão exerça sua profissão com excelência? A desobrigação do diploma de jornalista fará isso, pois a excelência de uma profissional não é adquirida apenas na prática. É nos bancos das universidades que o profissional de jornalismo adquiri o senso crítico e ético necessário para um bom desempenho da profissão, além de embasamento teórico.
A sociedade e a categoria não consegue enxergar quais interesses são tão maiores do que o direito de se ter uma profissão regulamentada, e como na época das Diretas já, exige:
Regulamentação já!
O caso se deu com a recusa do Senhor Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, que pediu para que fosse retirado da pauta do dia 1 de abril, o julgamento da obrigatoriedade do diploma de jornalista.
No Brasil a imprensa é relativamente nova (200 anos), e sofreu muito com o golpe militar décadas atrás. Este foi responsável por retirar quase que completamente a liberdade que essa mesma imprensa conseguiu. Para alguns é de esperar atitudes como essas que banalizam a profissão do jornalista. Entretanto essa desculpa já é velha e não cabe mais. Mesmos com o passado manchado pela ditadura, o Brasil é um país em desenvolvimento econômico e tecnológico (e porque não dizer desenvolvimento democrático também).
Mas que democracia impede que o cidadão exerça sua profissão com excelência? A desobrigação do diploma de jornalista fará isso, pois a excelência de uma profissional não é adquirida apenas na prática. É nos bancos das universidades que o profissional de jornalismo adquiri o senso crítico e ético necessário para um bom desempenho da profissão, além de embasamento teórico.
A sociedade e a categoria não consegue enxergar quais interesses são tão maiores do que o direito de se ter uma profissão regulamentada, e como na época das Diretas já, exige:
Regulamentação já!
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