Entre na faculdade certo de que será visto por amigos e parentes como um intelectual. Provavelmente ainda não é, mas vai acabar se tornando por obrigação.
Já no primeiro semestre, tenha absoluta certeza que irá mudar o mundo. Com o tempo vai aprender que é melhor sair de casa, pois nem o seu avô turrão, de 80 anos, conseguirá mudar.
Filie-se ao PT, PCdoB, PSTU, ou qualquer outro partido. Hoje em dia não faz diferença alguma e, cedo ou tarde, vai se decepcionar mesmo.
Faça todos os estágios que lhe oferecerem. Não vão lhe pagar nada e ninguém levará isso em consideração quando for de verdade. Mas é sempre divertido e te deixará bem com os colegas.
Vá a todas as festas que a faculdade fizer. Principalmente as de outros cursos. Destaque para as festas chatas dos futuros administradores. É bem provável que um deles irá mandar em você um dia.
Durante todo o curso, ignore a possibilidade de trabalhar, depois de formado, em qualquer lugar que não seja um jornal diário, televisão ou rádio. Porém, só por precaução, monte um belo mailling com as ricas e respeitadas assessorias de imprensa e as milionárias e adoradas agências de publicidade.
Inscreva trabalhos em todos os concursos para estudantes. Se ganhar, e for homem, irá namorar muitas mulheres. Se for mulher, não se iluda, isso não te levará a nada.
Escolha um tema que acredite muito para sua monografia ou TCC. Além de você, somente seus pais irão acreditar. Não, nem seu orientador irá acreditar por muito tempo. Lembre-se! Ele faz isso todos os anos.
Aproveite muito na sua formatura.
Acorde no dia seguinte ciente de que deu um passo importante. Já não é mais o futuro do Brasil. Agora é um problema social.
Na faculdade voltamos ao jardim de infância. Nos ensinam a sonhar acordados.
Aqui fora, ainda acordados – isso, inclusive, será uma prática comum, principalmente a noite – descobrimos que a realidade é torpe na mais pura essência da palavra.
Ainda assim, nem pense em desistir. Será inútil tentar.
Continuamos sonhando acordados e, por fim, quase sempre, nos tornamos profissionais pobres, porém, felizes e com muito orgulho de poder contar a história da vida real.
Por favor! Não me acordem.
Reproduzido e ediadto do Blog Pequena Casa de Palavras, de Robson Slva, jornalista de Curitiba - PR
terça-feira, 26 de maio de 2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Essa tal modernidade....
Somos uma geração marcada pela modernidade,nossos filhos e irmãos já nascem praticamente teclando "Gugu Dadá" no msn com o coleguinha de berço na maternidade....
É até de se orgulhar em fazer parte desse tempo, porém também há motivos para nos envergonharmos.
A fome de pão e amor nos coloca com a cara no chão diante de nós mesmos....
Quando vejo minha foto no orkut e lembro que alguns não tem o que comer enquanto eu teclo ao mesmo tempo que como um sanduiche para relaxar...Sinto meu rosto fumegar.
Nesse tempos de vitórias pela chegada de ônibus espaciais me parece que a humanidade se esquece de comemorar a libertação de reféns da FARC ou a chegada de um caminhão de donativos aos desabrigados do Nordeste, pelo contrário, essa tal modernidade testa mísseis nucleares com a desculpa(esfarrada)de preocupação com a seguraça nacional.
Talvês o velho do rastelo de Saramago tenha a resposta para as questões da modernidade. Ou não....
Fala do velho do restelo ao astronauta
(José Saramago)
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição) rascunho
É até de se orgulhar em fazer parte desse tempo, porém também há motivos para nos envergonharmos.
A fome de pão e amor nos coloca com a cara no chão diante de nós mesmos....
Quando vejo minha foto no orkut e lembro que alguns não tem o que comer enquanto eu teclo ao mesmo tempo que como um sanduiche para relaxar...Sinto meu rosto fumegar.
Nesse tempos de vitórias pela chegada de ônibus espaciais me parece que a humanidade se esquece de comemorar a libertação de reféns da FARC ou a chegada de um caminhão de donativos aos desabrigados do Nordeste, pelo contrário, essa tal modernidade testa mísseis nucleares com a desculpa(esfarrada)de preocupação com a seguraça nacional.
Talvês o velho do rastelo de Saramago tenha a resposta para as questões da modernidade. Ou não....
Fala do velho do restelo ao astronauta
(José Saramago)
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição) rascunho
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